NOTA INFORMATIVA - Controle da Leishmaniose Visceral (calazar) no município de Natal
Publicado em: 24/06/2022
A respeito de informações inverídicas (fake news) divulgadas em redes sociais sobre ações de controle de zoonoses na cidade, a Secretaria Municipal de Saúde de Natal esclarece com a seguinte nota à população:
A leishmaniose visceral (LV) é uma doença infecciosa, zoonótica, causada pelo protozoário Leishmania infantum. Sua transmissão para seres humanos e animais ocorre primariamente por meio da picada de fêmeas de flebotomíneos infectados, popularmente conhecidos como ''mosquitos palha'' e tendo o cão como o principal reservatório no meio urbano. Atualmente, encontra-se entre as seis endemias consideradas prioritárias no mundo.
O município de Natal-RN é considerado endêmico para essa enfermidade, e em virtude de sua importância epidemiológica, medidas de vigilância e controle são desenvolvidas pelo Centro de Controle de Zoonoses de Natal (CCZ - Natal) para reduzir o avanço da doença. Desta fonna, são realizadas ações de monitoramento e controle vetorial, diagnóstico laboratorial de cães e atividades de educação em saúde, todas seguindo as recomendações estabelecidas pelo Ministério da Saúde e marcos regulatórios vigentes.
As ações de vigilância sobre o reservatório canino são realizadas por meio do inquérito sorológico, o qual visa a identificação de cães infectados. Atualmente, são utilizados dois testes para o diagnóstico, o TR-DPP-Bio Manguinhos (triagem) e o ELISA (confinatório). Diante de um resultado confirmatório da infecção, o tutor do animal é esclarecido sobre a possibilidade de tratamento ou destinação para a eutanásia.
Portanto, é permitido o tratamento individual de cães com diagnóstico laboratorial confirmado para Leishmaniose Visceral Canina (LVC), desde que se cumpra o protocolo de tratamento respeitando-se a necessidade de reavaliação clínica, laboratorial e parasitológica periódica pelo médico veterinário, além da necessidade de realização de novo ciclo de tratamento, quando indicado, e a recomendação de utilização de produtos para repelência do flebotomíneo, inseto transmissor do agente causal da LVC. No entanto, é de responsabilidade do tutor arcar com os custos do tratamento, visto não haver destinação financeira para esse fim no Sistema Único de Saúde.
É importante considerar a presença do vetor que permite a transmissão do parasita de um cão infectado para outro cão ou para o ser humano. Nesse cenário, existe efetivo risco para a saúde humana e canina quando cães infectados sem tratamento e proteção são mantidos em ambientes com características favoráveis à presença do vetor.
Reafirmamos o compromisso, seriedade e ética com o qual é tratado o controle da LVC no município de Natal e alertamos sobre veiculação de informações falsas em mídias sociais (fake news) sobre o trabalho desenvolvido pelo CCZ-Natal, fato que só vem a dificultar a execução das ações que visam mitigar esse grave problema de Saúde Pública.
Ádila Lorena Morais
Médica Veterinária
CRMV-RN 0408