Da teoria à prática. Com anos de experiência em sala de aula na Rede Municipal de Ensino de Natal, o professor de artes Luiz Elson Dantas retornou à academia para realização de um mestrado profissional. Como resultado de sua pesquisa, o professor desenvolve agora com os alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Escola Municipal Professora Dalva de Oliveira, o jogo de tabuleiro com o tema “Caminhos do desenho, arte e jogo na construção de imagem”. A unidade de ensino está localizada no bairro Nossa Senhora da Apresentação, zona Norte da capital.   

 
A atividade aplicada no formato de histórias em quadrinhos foi realizada nas aulas não presenciais que acontecem por meio das plataformas digitais, com a criação de um jogo de tabuleiro, com o propósito dos alunos da EJA, observarem no trajeto das casas onde residem até a escola, os principais locais do bairro. O jogo inclui problemas enfrentados no cotidiano, aspectos curiosos do lugar e a presença da arte no dia a dia.

 
De acordo com Luiz Elson, a equipe pedagógica de formação de professores da Educação de Jovens e Adultos da SME, solicitou que fosse organizada uma comissão de professores de Artes que atuam nesta modalidade de ensino para criar uma relação de conteúdos essenciais nas diferentes áreas das artes, seja das artes visuais, música, teatro, dança e das artes integradas. “Organizei minha parte sobre jogo de tabuleiro, um jogo de percurso, mostrando o mapa da casa até a escola. O aluno usando a criatividade, faz os desenhos, pinta e depois consegue jogar, brincar com os familiares, mostrando que a atividade de Artes Visuais proporciona aprendizagem numa experiência inovadora e ao mesmo tempo é lúdica e prazerosa, gera o conhecimento dos alunos”, destacou.

 

O professor contou que o jogo de tabuleiro tem poucas regras e é bem simples. Luiz Elson explicou que é um jogo de percurso bem definido de casa para escola onde os alunos vão construir um cenário, desenhando os locais em que acontece as narrativas de ação que fazem os participantes do jogo avançar ou recuar em sua trajetória até escola. “As rotas são construídas de forma colaborativa e há uma proposta com as atitudes de respeito à tolerância, troca de conhecimentos e trabalho de equipe que são valorizados”, disse.

 

A aluna Mikaela Carla da Costa Pontes, de 17 anos, da Escola Municipal Professora Dalva de Oliveira, da turma D da EJA, disse que o jogo é muito interessante, pode jogar, guardar e jogar novamente. Ela fez o jogo com a ajuda da irmã, que tem 8 anos e gosta muito de brincar. “Minha irmã tem um jogo de dama, que possui as peças e o dado, usamos duas, uma peça preta e uma peça branca. Cada uma se identificou com a peça. Nós pintamos a atividade na cartolina e depois jogamos”, afirmou.

 

Já Boanerges Soares de Lima, de 41 anos, também aluno da mesma escola e turma, comentou que não teve dificuldade para elaborar o jogo com casas, lojas e fez os desenhos, inspirado no que chamou atenção em todo trajeto da sua casa para unidade escolar e a atividade serviu ainda para brincar com o filho. “O bairro em si já é um mural de arte no meu ponto de vista, porque tem várias casas e placas muito coloridas”, frisou.

 

O professor reforça que o aluno é sujeito de todo o processo, compartilhando opiniões no planejamento das rotas e buscando desenvolver o senso de localização e o sentimento de identidade e pertencimento sobre o espaço em que vivem. “Nas construções dos mapas temos elementos da cultura pop, se misturando com as cenas do cotidiano, que são desenhados e se cria a narrativa onde os alunos reinventam seu mundo, como uma extensão de suas consciências. Há uma diversidade que vemos nos desenhos presentes em um mesmo mapa, com imagem de igrejas, bares, lojas e áreas de lazer, pois cada grupo produz um mapa diferente embora sejam moradores do mesmo bairro”, finalizou.