Para evitar que algumas espécies de anfíbios e répteis sejam extintas, especialistas de todo o Nordeste estão reunidos no Ceará até essa sexta (10), para a realização de oficinas da 3ª Monitoria e da Avaliação de Meio Termo do 2º Ciclo do Plano de Ação Nacional para a Conservação da Herpetofauna Ameaçada do Nordeste (PAN Herpetofauna do Nordeste). E como representante da Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb), a bióloga e doutora em ecologia Carolina Lisboa marca presença no evento. 

As oficinas estão sendo ministradas na sede do Museu de História Natural do Ceará Prof. Dias da Rocha (MHNCE), na cidade de Pacoti/CE, sendo promovidas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O principal objetivo do evento é discutir e definir estratégias para a conservação de espécies ameaçadas de extinção na região do Nordeste.

“O Plano de Ação da Herpetofauna do Nordeste atualmente contempla 107 espécies ameaçadas de extinção (23 anfíbios e 84 répteis), entre elas 46 ameaçadas nacionalmente, consideradas espécies-alvo, e 58 beneficiadas, por estarem nas listas de espécies ameaçadas dos estados da Bahia e Pernambuco, além de três quase ameaçadas de extinção presentes na lista nacional”, conta Carolina Lisboa.

Para o coordenador das Oficinas do PAN e servidor do ICMBio, Carlos Abrahão, as oficinas são momentos importantes de troca de informação e experiências com a sociedade. "Esta oficina serve para que a gente receba as informações do que foi feito neste último ano nas áreas estratégicas do Plano de Ação e assim poder realinhar estratégias para a conservação das espécies".

Além disso, o grupo do PAN delimitou 13 áreas estratégicas para a conservação das espécies. "Todas as áreas contemplam uma parte da distribuição das espécies-alvo e beneficiadas do PAN, assim como reúnem condições de paisagens que possibilitam sua recuperação", explica Bruna Arbo Meneses, bolsista do CNPq no Núcleo de Informação do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Anfíbios do ICMBio (RAN/ICMBio).

Espécie em extinção

Entre as espécies-alvo que figuram na lista do PAN, está o lagartinho-de-folhiço (Coleodactylus natalensis), um pequeno lagarto de cerca de 2 cm de comprimento que é encontrado somente na Mata Atlântica do Rio Grande do Norte. O lagartinho é a espécie símbolo da cidade do Natal e está classificado como em perigo de extinção, principalmente devido aos desmatamentos e expansão urbana sobre as áreas naturais.

"As ações para conservação do lagartinho-de-folhiço e das outras espécies do PAN Herpetofauna do Nordeste são importantes para evitar a extinção dessas espécies e manter seus habitats saudáveis. Essas ações auxiliam, inclusive, no enfrentamento das crises climáticas e de biodiversidade na região. O envolvimento da sociedade é fundamental nessas questões, e os PANs nos fornecem essa oportunidade de contribuir", explica Lisboa.

O que é o PAN?

O Plano de Ação Nacional para Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção (PAN) é um instrumento de gestão e de políticas públicas coordenado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Anfíbios (RAN), vinculado ao ICMBio, do Ministério do Meio Ambiente (MMA). Construído de forma participativa, é utilizado para o ordenamento e a priorização de ações para a conservação de espécies e ambientes naturais. O método contempla a participação multilateral e envolve diversos segmentos da sociedade para potencializar os esforços e racionalizar a captação e gestão dos recursos para conservação de espécies ou ambientes-foco dos Planos de Ação Nacional.