Uma das medidas anunciadas pela prefeita Micarla de Sousa para anunciar o que ela já diz ser o caos na saúde pública de Natal, devido as péssimas condições em que encontrou a realidade da área na cidade, será a contratação temporária de pelo menos 200 médicos por até um ano, onde ao final ocorrerá um concurso público para os médicos do município.

"É uma medida emergencial que tomaremos para dar uma resposta rápida a população por conta do caos em que se encontra a saúde de Natal", disse Micarla, que se reuniu nesta segunda-feira (05/01), no salão nobre da prefeitura com o vice-prefeito Paulinho Freire, o secretário estadual de Saúde, Levi Jales, o procurador do município Bruno Macêdo, o chefe do gabinete civil, Fernando Resende, o procurador geral de Justiça, José Augusto Peres e as promotoras da saúde Iara Pinheiro e Elaine Araújo.

Durante a reunião os representantes do Ministério Público entregaram a prefeita Micarla de Sousa e ao secretário de saúde, um documento com onze pontos, onde listam os principais problemas da saúde em Natal. "Entre estes pontos destaco a ausência de leitos hospitalares de clínica médica na rede municipal de saúde", disse a promotora Elaine.

O documento também destaca a falta de insuficiência das equipes de PSF. "Atualmente o município tem um índice de 40% de cobertura territorial de PSF", disse a promotora Iara, que também lembrou que o documento apresenta a ausência do serviço municipal de saúde para realização de pequenas cirurgias, entre outros pontos.

"Está é a nossa pauta de reivindicações em relação a saúde que trazemos para prefeitura", disse a promotora Iara, que também lembrou dos sérios problemas que poderão surgir com uma epidemia de dengue na cidade. É por isso que devemos estudar uma forma de até aumentar a carga horários dos agentes de endemias de 6 horas para 8 horas diárias. Com relação a dengue, o secretário Levi Jales disse que está organizando um comitê de combate à dengue em Natal e que poderá até contar com o apoio das forças armadas.

Deficiência de recursos humanos
"Recebemos o relatório da equipe de transição mostrando a grande deficiência de recursos humanos que temos na secretaria, principalmente em relação a falta de médicos nos postos de saúde e nas equipes do PSF, o que dá cerca de 200 profissionais desta área. Para piorar a situação, estamos com 100 médicos a menos, que tiveram seus contratos temporários cancelados este mês", disse o secretário Levi Jales. Para ele, a solução é fazer um grande pacto com todas as entidades envolvidas na área da saúde.

A promotora da saúde Iara Pinheiro disse que muitos dos problemas que passa a saúde em Natal são provocados pelo movimento médico. "Eles não querem integrar o Sistema Único de Saúde (SUS). É por isso que não legitimamos mais contratos na área da saúde com as cooperativas médicas, que só querem defender seus interesses", disse Iara, que levará o assunto ao Movimento de Articulação Contra Corrupção (Marcco), para que seja discutida uma possível intervenção nas cooperativas médicas, que segundo a promotora, muitas vezes cartelizam o mercado e sufocam o SUS.

A prefeita disse aos representantes do Ministério Público do Rio Grande do Norte que a reunião também serviu como forma de estreitar o relacionamento das duas entidades. "Queremos a partir de agora abrir u canal de diálogo com o Ministério Público, no sentido de que seja feita uma parceria, onde quem saia ganhando ao final seja a população de Natal", disse Micarla.

Já o procurador geral disse que está totalmente a disposição do executivo municipal para este trabalho. "Nosso objetivo é atuar sempre preventivamente para solução dos problemas e um diálogo aberto com o poder público é muito importante para isso", disse José Augusto.